Conversava com alguns amigos a respeito de empreendedorismo, quando o assunto tomou um rumo diferente.
- O mais importante hoje em dia é ter um emprego estável. As contas chegam e o salário chega junto. Sem falar que não precisamos nos preocupar com folha de pagamento, aluguel, custos de contador, impostos, investimento, desenvolvimento de novos negócios, etc....
Ao ouvir essa afirmação, questionei:
- Mas e a limitação de ganho, o desperdício de um dom (se podemos denominar assim) de estar sempre inovando, buscando o novo, pensando sempre a frente, de realizar sonhos... como conviver com essa perda?
A resposta foi imediata.
- Fala sério Luiz. Isso é pra quem tem grana ou arranjou um investidor que não se preocupa em prazo de retorno imediato, ou é filho de "pai rico". Quem precisa batalhar para pagar suas contas não tem tempo ($) pra ser inovador e criativo.
Não me satisfiz com a resposta e questionei novamente:
- Peraí meu camarada. Trabalhar sem ser feliz não dá. Trabalhar sem ter prazer, idem. Trabalhar pra ganhar só pagar as contas no final do mês e mais nada, convenhamos que é complicado. Isso é aceitar que a vida é só isso e mais nada. É viver na zona de conforto.
E ai o outro veio sem pensar:
- Luiz, meu amigo. Quer coisa melhor? Final do mês tá na conta. Eu me dou em troca na mesma proporção do que recebo.
Mas e o seu superior? Aceita isso? Perguntei espantado.
- Luizão. O cara é pior que eu. Esse mesmo é que não faz nada mesmo. Cobra o que cobram dele. Se as coisas estão bem, chegamos nas metas traçadas, é só alegria. Paga churrasco pra turma toda (claro que com a grana da empresa), diz que somos os "Caras", recebe os elogios dos superiores dele, e vamos em frente. Se tá ruim, ele mesmo inventa uma desculpa que o mercado está parado, as propostas estão na rua e mês que vem vai ser diferente, que vamos detonar, inventa um premio novo(claro que sem deixar de pagar as comissões de vendas e a premiação anteriormente fechada para o ano) para "motivar a turma", e vamos em frente.
Parei, pensei e conclui:
- Agora entendi. Acabei de saber qual o maior problema em ser um profissional com visão empreendedora, pensar como dono da empresa.
Ai eles me olharam e com ar de curiosos me perguntaram: Qual é o problema?
Como sempre, com minha habitual sinceridade que não consegue ficar calada, respondi:
- É trabalhar com pessoas e para chefes que eu não contrataria pára ser meus funcionários.
Mandem notícias e sucesso sempre.
Luiz Carlos Pereira
luiz@revistamakingof.com.br
Fonte:
http://www.revistamakingof.com.br/index.asp?dep=17&pg=349
